Quase 108 anos bem vividos

Quase Cento e oito anos bem vividos

Anna Ribeiro Sicupira, nascida em 7 de maio de 1909 em Palmeira-PR, está prestes a completar 108 anos. Um exemplo de longevidade bem sucedida.

Casou-se aos 19 anos com Barcimio Baptista Lins Sicupira, e desta união teve três filhos: Alceu, com 86 anos de idade, Aidê, com 84, e Barcimio, com 72. O mais novo é o conhecido radialista e ex-jogador de futebol Sicupira, que teve brilhantes passagens por grandes clubes do Brasil, principalmente pelo Atlético Paranaense.

Quando solteira trabalhou na antiga Casa Louvre e depois de casada dedicou-se ao lar, cuidando dos filhos e marido, mas nunca se afastou da costura e das artes manuais como tricô, crochê e bordado. Quando menina, aprendeu o ofício com a tia e fez os vestidos de noiva da filha, das netas e da vizinhança. Como uma excelente costureira, fazia suas próprias roupas e vestia toda a família. Até hoje sente muita falta da costura, que já não é mais possível por causa da visão.

Como era esposa de militar, teve de efetuar várias mudanças, habitando em diferentes cidades sempre que o marido era transferido.

Embora a população de longevos centenários esteja aumentando, viver mais de 100 anos ainda é privilégio para poucos.

Acreditava-se anteriormente que o tempo máximo de vida do ser humano seria de 100 anos, mas, atualmente, considera-se 125 anos. Por outro lado, estudos têm demonstrado que o ser humano, em condições ambientais ótimas e tendo comportamentos saudáveis, pode alcançar uma expectativa de vida média de 86 anos como no Japão.

Considera-se que a questão da longevidade está relacionada ao estilo de vida, em 70% e à genética, em 30%.

São vários os fatores que compõem o estilo de vida e que podem garantir uma longevidade maior, como por exemplo: a) atividade física; b) alimentação adequada, (comer pouco e em horários certos); c) dormir bem; d) boa atividade mental; e) postura perante a vida (modo de ser – possuir projetos para vida, serenidade e autocontrole emocional) e engajamento social (profissão, sociedade, família e lazer); f) vacinação; g) avaliações médicas periódicas e g) logicamente, não fumar e beber.

Por outro lado, o estresse crônico, ansiedade, sobrepeso, sedentarismo, má alimentação, tabagismo, alcoolismo e insônia, certamente contribuirão para encurtamento dos anos a serem vividos, além de diminuição acentuada da qualidade de vida.

Anna, durante toda sua vida cultivou o hábito de comer pouco e fazer suas refeições nas horas certas, preocupando-se sempre com sua saúde e possível sobrepeso. Dorme todos os dias no mesmo horário, com sono de boa qualidade. Desde jovem, lê muito, preocupando-se em aprender coisas novas e até hoje, com a aquisição de novos óculos, ainda se arrisca a resolver palavras cruzadas e a tricotar cachecóis.

Mas talvez o grande segredo, segundo seus familiares, foi ter sempre muita paciência e saber lidar com situações conflitantes da melhor forma possível e com bom humor.

Apesar da fragilidade própria de uma idade tão avançada, é uma mulher muito interessante e inteligente, mantendo com voz delicada uma boa e agradável conversa.

Está sempre cercada de atenção de familiares e cuidadoras, que me mantêm informado caso algo anormal aconteça.

Toma poucos medicamentos e sua saúde física é satisfatória, se considerarmos seus 107 anos de vida.

Atendo-a com muita satisfação há algum tempo e quando me perguntam o que um médico geriatra pode fazer por uma pessoa como a Anna, respondo que além dos cuidados básicos e medicamentos estritamente necessários, procuro não atrapalhar, principalmente com dietas rigorosas ou excesso de medicação, pois quem chegou a uma idade como esta, talvez tenha mais a me ensinar do que eu a ela.

Dr. Luiz Antonio Sá

Geriatra

Obs. Artigo publicado com autorização dos familiares

Comments

  1. Parabéns pelo seu seu artigo, Dr. Luiz.
    Peno que a Dna. Anna é um exemplo a ser seguido por todos nós. Parabéns a ela e ao seu Médico.

  2. Dr. Luiz Antonio e Dna. Anna:

    Meus sinceros parabéns pelo belíssimo artigo e pelas lições de vida nele contidas!
    Que Deus vos abençoe sempre!

    Abraços,

    Henrique Manso Vieira.

  3. Foi a única pessoa que conheço a me dizer que quem realizou a cerimonia de seu casamento foi o Monsenhor Celso, que até então eu simplesmente via como uma importante rua de Curitiba.

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