ESQUECIMENTO DAS GLÓRIAS DO FUTEBOL

Você conhece ou se lembra desses jogadores de futebol? É um time de respeito, jogadores de seleção, capazes de enfrentar qualquer time de futebol em igualdade de condições:

Cejas (Santos, Seleção Argentina), De Sordi  (São Paulo, Sel. Brasileira), Beline  (Vasco, Sel. Brasileira), Altair (Fluminense, Sel. Brasileira), Dalmo (Santos), Nilton Santos (Botafogo, Sel. Brasileira), Zito (Santos, Sel. Brasileira), Nair (Corinthians), Chinesinho (Palmeiras, Sel. Brasileira),  Leonidas da Silva (São Paulo, Sel. Brasileira) e Heleno de Freitas (Botafogo, Sel. Brasileira).

Podemos lembrar de vários outros jogadores internacionais como  Gerd Muller (Alemanha), Torres (Portugal) e Kopa (França).

Mas o que esses jogadores têm em comum? Pois é, todos são portadores de doenças neurodegenerativas e não puderam curtir o final de suas vidas, (Gerd Muller ainda está vivo) com lembranças dos tempos de futebolistas.

Com exceção de De Sordi, com Doença de Parkinson, e Heleno de Freitas, com sífilis terciária, todos os outros tiveram Demência da Doença de Alzheimer ou Encefalopatia Traumática (ETC), doença parecida com o Alzheimer, mas que tem como causa pancadas frequentes na cabeça.

Hoje em dia se estuda a relação da Demência da Doença de Alzheimer e da Doença de Parkinson com a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) com predominância entre os jogadores de futebol americano (três vezes a mais do que na população americana em geral) e em pugilistas, com exemplos conhecidos como Mohamed Ali, Edér Jofre e Maguila.

Conhecida também como “demência do pugilista”, a Encefalopatia Traumática Crônica passou a ser estudada clinicamente há mais de cem anos em lutadores de boxe. Esses atletas, depois de repetidos traumas no crânio, sofriam demência ou declínio na capacidade mental, problemas de memória, parkinsonismo ou tremores, além de comprometimento de coordenação motora.

A Encefalopatia Traumática Crônica (ETC) é vista como uma alteração neurodegenerativa que geralmente ocorre na meia idade, anos ou décadas após o término da carreira esportiva. Os sintomas clínicos observados nos pacientes são variados, provavelmente em decorrência de danos múltiplos em diversas regiões cerebrais. Os sintomas vão da demência, similares à doença de Alzheimer, a alterações no comportamento. Dentre estes, os mais comuns são queixas neurológicas e cognitivas, como alterações psiquiátricas e comportamentais, problemas na fala, no equilíbrio, na coordenação, lentidão de movimentos e tremor. Problemas psiquiátricos também são comuns, entre os quais a falha de julgamento, euforia, irritabilidade e agressividade. Estima-se que a prevalência da ETC se aproxime de 20% em boxeadores profissionais.

Por ser um esporte relativamente novo, não há ainda estudos de prevalência da ETC entre atletas de MMA, porém, certamente estes atletas, pelo número de pancadas repetidas que levam em treinos e lutas, poderão ter ETC num futuro próximo.

No momento, não há terapia farmacológica para esta doença. No entanto, em contraste à maioria das doenças neurodegenerativas, algumas ações podem ser tomadas para a sua prevenção, especialmente nas profissões onde a sua ocorrência tem maior chance.

A ETC está fortemente associada aos esportes de contato, como o boxe, o futebol americano, o futebol, e as artes marciais. Esforços devem ser direcionados para a educação dos atletas, técnicos e administradores do esporte de todos os níveis para torná-los cientes dos riscos de lesões traumáticas no cérebro e como melhor se proteger delas. No caso específico do MMA, o uso de equipamentos de proteção na cabeça, como no boxe amador, e a modificação das regras poderiam minimizar os riscos de traumas na cabeça, preservando a saúde do atleta.

Voltando ao nosso futebol, que é o esporte mais popular do mundo, jogado por pessoas de todas as idades e no qual não há a preocupação de se cabecear a bola – um componente chave e inevitável durante o jogo que pode danificar o cérebro. As pancadas na cabeça são a segunda causa de lesão em atletas de futebol, atrás apenas de lesões de joelho.

Estudos recentes mostram que jogadores de  futebol que cabeceiam a bola frequentemente,  têm anormalidades cerebrais semelhantes às encontradas em pacientes com concussão (traumatismo crânio-encefálico leve). Em média, jogadores de futebol cabeceiam a bola de seis a doze vezes durante os jogos, sendo que ela pode viajar a velocidades de mais de 80 quilômetros por hora. Durante treinos, o dano é maior: jogadores geralmente cabeceiam a bola 30 vezes ou mais.

 

O impacto a partir de uma única cabeçada provavelmente não causa danos cerebrais traumáticos, como a dilaceração das fibras nervosas. Mas os cientistas temem que os danos cumulativos de cabecear repetidamente a bola possam ser clinicamente significativos.cabeçadas 2 Eles acreditam que esse impacto repetitivo poderia desencadear uma cascata de reações que leva à degeneração das células cerebrais ao longo do tempo e aí vem o impossível: para evitar problemas mentais no futuro Jogadores de futebol deveriam evitar cabeçadas, o que descaracterizaria o futebol.

Entre tantos danos físicos e mentais, uma grande tristeza foi ver o envelhecimento destes grandes jogadores de futebol, esquecendo de tudo, sem a chance de contar todas suas façanhas para as novas gerações, que certamente seriam histórias muito interessantes e que enriqueceriam ainda mais nosso legado futebolístico.

Dr. Luiz Antonio Sá

Geriatra

Referências: Google, UOL, ESPN.

cabeçada everton arsenal 3

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