Difícil decorar fórmulas? Memória humana nunca acaba e isso é um mistério. – 1º parte

Este artigo será publicado em três partes.

Jogos para melhorar a memória. Como memorizar um texto. Técnicas para decorar uma fórmula para a prova. Durante os períodos de provas e vestibulares, aumentam as buscas como essas. Mas o que funciona e o que é lenda? A verdade é que a ciência, até hoje, ainda conhece pouco sobre o funcionamento da memória humana.

“Não sabemos quase nada”, diz Valdemar Setzer, professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo (USP) Ele diz que, quando o assunto envolve o cérebro, há muito mistério.

Um exemplo: estima-se que a memória humana nunca acaba. Mas não se sabe como e isso acontece. Se fica armazenada no cérebro, e ele não cresce, como sempre há espaço “a mais” para memórias extras?

Também há registros de gente que melhorou a capacidade de retenção de conhecimentos, mas ninguém descobriu ainda exatamente  como isso acontece. Tambem é sabido que algumas pessoas tem melhor capacidade de memória do que outras, mas é difícil medir se isso é genético ou adquirido.

“Estudos longos sobre evolução ou involução da memória não elucidaram quais fatores externos, como jogar palavras cruzadas,  realmente influenciam”, diz o neurocientista Richardson  Leão., do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Em pesquisa divulgada em outubro, neurocientistas da Universidade da Califórnia disseram que estimular as ondas cerebrais teta, de baixa frequência, ajuda a melhorar a capacidade de memorização

Eles testaram aparelhos comercializados para estimular essas ondas com 50 voluntários e constataram ganho na capacidade de memória. O procedimento foi repetido novamente em uma nova amostra, com 40 voluntários, e os resultados fore os resultados foram semelhantes.

“Na verdade, não temos ideia de como é o processo de memorizar ou se lembrar de algo, nem mesmo uma coisa extremamente simples como a representação do numeral dois: 2”, exemplifica Setzer

“Muitos cientistas acham que a memória está nas sinapses, que são as conexões entre os neurônios, mas não se detectou como por exemplo o ‘2’ está representado, em quais sinapses. Sabe-se que elas estão envolvidas em processos mentais, mas não se sabe como funcionam”, disse Setzer

Em outras palavras, por mais que se saiba que a memória acontece no cérebro, não se sabe em qual parte do órgão, ou em qual célula exatamente está alojada a memória referente a uma coisa ou outra.

 

Edison Veiga Colaboração para o UOL, em Milão (Itália) em 11/11/2018

 

 

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